terça-feira, dezembro 01, 2015

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Meu cenário foi construído na esquina da Rue du Rene com a Avenue de Montparnarsse, onde, com uma taça de vinho barata - francês - pego uma folha, um punhado de palavras e a caneta do hotel. Na tentativa de criar de linha em linha, de inovar com personagens ricos em detalhes que agucem o paladar de duas gerações, sepá três, começo a escrever uma história, não minha, mas da invenção de alguém que vive aqui dentro.
 
É que faz ter mais engenho, mais maleabilidade, mais bossa.
Para começar a ser lido, não dá pra dizer que estou sentada na cama da casa do namorado, enrolada no edredom com um cheio suado, nosso, acompanhada do barulho que o ventilador faz na orquestra de tentar me manter concentrada com o calor que insiste em permanecer, lá fora, Jacarepaguá, Rio de Janeiro, 'Brazél'.
Essa é a realidade, mas qual lhe parece mais paupável...de criatividade? 
E mais inspiradora? A mente pode estar em qualquer lugar, a qualquer hora.
A imaginação que faz enfeitar com requintes de ares, texturas e passos.
 
Ainda bem pra você, que pode vir a se interessar bem mais quando eu tornar a criar as peculiaridades de cada história por menos verossímil que elas sejam. Ou seria o preconceito próprio? Tanto faz... já estou fugindo de criar para me encontrar, de procurar alcançar a clareza absoluta quando na verdade o que mais quero é distribuir minhas multifacetas em personagens, uns caricatos outros super convencionais.
 
Só quero encher de vida os olhos de quem lê, e inspirar a cor na mente de quem
passará de uma linha a outra. E, desse modo, ultrapassar as fronteiras de cada um, no dedilhar de palavras e no transporte para onde quer que seja. Vem comigo?