É muito estranho me sentar para escrever, quando sinto que é calada que alcanço minha maior capacidade de expressão. Mas está no alívio do momento em que o lápis toca o papel, e no mundo que escorre do cérebro ao coração, e do coração à ponta dos dedos, o combustível perfeito.
Mas hoje quem aqui escorre são os olhos.
Os olhos que se programam ao disfarce do seu marejar a cada matéria publicada que por eles passa.
Barreiras rompidas,
Fronteiras atravessadas,
Corpos perfurados,
Almas presas a dúvidas.
É o limite das estruturas chegando ao fim.
O limite rompido,
atravessado,
perfurado.
preso às variadas ideias de liberdade.
É o grito do mundo para todo o mundo.
O mundo fazendo pulsar do seu interior, a desgraça da nossa colheita,
que regada de prematura competição, se faz PRAGA.
É o choro da terra, imunda, banal.
A terra subtraída da união que haveria de multiplicar o bem. Essa era a promessa!
"Decifra-me ou te devoro!"O desafio da Esfinge de Tebas, tão atual em contexto e paradigma quanto seu enigma:
"Que criatura tem quatro pés de manhã,Responda como Édipo: "É O SER HUMANO,
dois ao meio-dia,
e três à tarde?"
Engatinha quando bebê,
Anda sobre dois pés quando adulto,
E recorre a uma bengala na velhice."
É, eles não deviam saber que a criatura tiraria a vida de outras criaturas,
seja de quatro, dois ou três pés;
seja a ferro ou fogo;
seja a frio ou planejado.
É o estado do verbo ser, vencendo as barreiras
do existir, da intagibilidade, da solidez,
e fazendo se tornar habitação palpável no lamentar
de uma existência que ganha sinal de finitude.
É o escrever sem saber o rumo das palavras,
se o vendo leva,
se a lama assola,
se os corpos tampam,
se o mundo canibaliza.
É o lamento do fim
do limite,
da humanidade,
do significado,
da terra,
alagada,
de ambição em Mariana.
de grito em Paris.
de vingança na Síria.
de dores despatriadas de cor, raça ou crença.
O fim dos tempos,
Dos meus tempos de sensibilidade,
de senso de humanidade,
de confiança,
de solução,
de nós mesmos.
Banho de água
de lama
de sangue
de balas
de fogo
de sal
do mar de lágrimas.
Que nada me faça perder a pontualidade da prece, com meus redutos de amor e esperança,
de braços e abraços dispostos e compatíveis, de intenção e ação sem restrição.
onde a potência do homem está no seu sorriso e inteligência emocional-racional,
onde a arma do homem é a diferença e sua capacidade de vivência e aceitação,
onde a missão do homem é singular apenas na ação, mas coletiva em amplitude.
Eu não sei procurar ser mais clara ao me ver no escuro,
mas sei que o caminho da luz e da inquietação de suas vertentes
sempre será minha maior causa de razão e existência.
Juntos, unidos, inspirados e em paz, somos mais fortes.
'Pelos outros, é por mim.
Pelo bem, é por nós.'
Dalai Lama
