Eu ando com um medo de morrer...
É, um medo de medo de dar pau
A cabeça virar do avesso.
Um medo de dar pane
O coração perder coesão.
Um medo de dar curto
As terminações cegarem de finalidade.
Medo do motivo ser mais abstrato que o ideal,
Dando ao tempo a interrupção dos desejos.
Medo de calar,
E no silêncio não achar refúgio.
Medo da falta de sanidade,
E de critérios.
Mas é medo mesmo,
De ver a vida passar e querer realizar.
Medo de não fazer o bastante,
Justamente por ele, pelo medo.
Medo de arriscar,
E de não ser corajosa o bastante.
Medo de seguir o sonho
E deixar fluir na realidade a querência de um projeto inacabado: o
próprio, sonho.
Medo de deixar de alinhar o propósito
A expectativa
A sensibilidade
A emoção.
Medo mesmo, enraizado.
Do diagnóstico
Da mancha radiográfica
Da doença do século
ou da dor da semana.
Medo da morte
Mas não do céu.